sábado, 27 de novembro de 2010

Carnatal: 20 anos de história e muita alegria.

  Tudo começou em 1991, ele nasceu no centro de uma cidade tranquila. Tinha gosto de Caju com Sal, era um Exame de Gente com a cor vibrante como o "laranja" de um Jerimum. "POOL!!!" Foi aquela explosão de alegria. De lá pra cá, todo mês de Dezembro essa tranquila cidade fica repleta de graça, a multidão faz festa e se enche de alegria a espera da MAIOR e MELHOR micareta do BRASIL, o Carnatal.


  Os anos foram se passando e o centro da cidade foi ficando pequeno, pois o Carnatal crescia. No ano seguinte, um grupo de "letrados" que "IMPRENSAva" todo mundo veio montado num BURRO ELÉTRICO encerrando a festa, eis que surgiu um dos blocos mais irreverentes desse carnaval fora de época.


  Até o Zé Bonitinho caiu na folia do BURRO ELÉTRICO junto com o Presidente Lula e o Sheik "VAI ATOLÁ".




























  No ano de 1994 "o menino" de três anos de idade se mudou para o largo do Sr. MACHADÃO. Já era um rapazinho com 525 camarotes, 14 blocos e mais de 50 mil foliões. Muita gente de fora já toma conhecimento da sua existência.








  Mais o Carnatal seria ainda reconhecido nacionalmente e mundialmente. Em 1997, ele se tornou o "É o Tchan!". A banda É o Tchan! comandada por Beto Jamaica e Compadre Washington, que estava num momento sensacional a nível Brasil, neste ano, puxou um bloco na micareta o que ajudou ainda mais a divulgar a festa para os quatro cantos do país.





  Tantas bandas tocaram no Carnatal. Bandas de axé music, forró e até pop-rock como foi o caso da banda mineira Jota Quest.

   Hoje, com 20 anos de história e muita alegria, o Carnatal continua fazendo história e encantando seus foliões.  O que faz da folia o principal evento do calendário turístico de Natal.
 
São 10 blocos na avenida abrilhantando 4 dias de folia, percorrendo 4km de muita alegria, distribuídos em 800 metros de corredor (camarotes) e 3.200 metros de pipoca (rua).




  Durante a folia você "Me Leva" (Ara Ketu) de "Aviões Elétrico" (Aviões do Forró) pra gente tomar "Cerveja e Coco" (Ivete Sangalo e Asa de Águia), comendo "Nana Banana" (Chiclete com Banana), chupando "Caju" (Cláudia Leitte e Banda EVA), que eu vou mostrar o meu "Swingaê" (Parangolé, Psirico e Chicabana), montado no "Burro Elétrico" (Capilé), virando "Bicho" (Ricardo Chaves e Tomate) e dizendo pra você que "Amar É" (Jammil): curtir o Carnatal em paz e em segurança, pois aqui só tem "Cidadão Nota 10" (Cavaleiros do Forró, Margareth Menezes e Lane Cardoso).  \o/




  E o Carnatal vai "quebrando" as ruas entre a Prudente de Morais, Amintas Barros, Lima e Silva e ao redor do "Sr. Machadão", levando alegria, vida e renda para muitas pessoas que fazem desse evento um sucesso.


"Já é Carnatal, vem amar, vem dizer: Carnatal é Amor e Prazer".

Por Athos Muniz.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Somos Independentes. Eba!



E quem disse que não somos independentes?? Valeu Dom Pedro!! hehehe...

VT ilustrativo sobre a história do dia 7 de Setembro.
Pesquisa / Roteiro / Narração: Athos Muniz
Arte: Hudson Rennan
Edição Animação: Celso T. Diniz

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A TV da Clara

Santa Clara
   Era uma linda noite de Natal quando Clara estava doente e não pôde acompanhar com suas irmãs a celebração do Natal.
  Quando retornaram da missa, Clara contou “tim-tim por tim-tim” o que tinha acontecido na celebração, como se estivesse lá. Como se tivesse em casa um aparelho de TV, Full HD de 42 polegadas no seu quarto (a Clara trabalhava com comunicação e ganhava muito dinheiro naquela época).



Deixando um pouco o Humor de lado:
John Logie Baird

  Para os estudiosos da comunicação a primeira transmissão televisiva foi feita em 26 de Fevereiro de 1926, pelo escocês John Logie Baird, considerado o pai da TV.
  O que poderíamos já chamar de TV, no seu primeiro modelo mecânico foi apresentado para uma assembleia de cientistas na Academia de Ciências Britânicas, em Londres, Inglaterra.
  Apesar de a primeira transmissão televisiva ter sido em 26 de Fevereiro, não é nesta data que se comemora o dia da TV, e sim, hoje, 11 de Agosto, dia em que a Clara (aquela que eu falei logo acima), que é Santa e considerada a padroeira da televisão, nasceu.
  A lenda diz que no ano de 1252, um ano antes do falecimento da Clara, ela teria tido uma visão, que foi considerada o “primeiro programa de TV” da história (chique no último).
  Diz a Carta Apostólica, que nomeia Santa Clara como padroeira da TV, a história e justifica o título com a frase “para que essa invenção (a TV) seja protegida por uma direção divina, para evitar males e promover seu uso correto”.
  Clara faleceu aos 60 anos e foi canonizada no ano de 1255, pelo Papa Alexandre IV.

John Logie Baird e a TV

A televisão no Brasil


  A Televisão chegou ao Brasil em 18 de setembro de 1950, quando foi inaugurada a primeira emissora brasileira, a TV Tupi, canal 4. Essa emissora também foi pioneira ao introduzir a telenovela, gênero televisivo de grande sucesso até hoje.
 Quinze anos depois, é fundada a Rede Globo de Televisão que, na década de 70, assume a liderança na produção de telenovelas e torna-se imbatível na audiência. Muitas de suas novelas foram e continuam sendo exportadas para mais de 120 outros países como "O bem amado" (1973) e "A escrava Isaura” (1976), as primeiras a seguirem novos rumos.

Fonte: UFGNet; Soleis

Athos Muniz

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Curiation


Curiosidade é uma coisa que todos nós levamos consigo mesmos. Lógico! Existem os casos de pessoas pouco curiosas, as curiosas e as muito curiosas. “Maaaas” todas são curiosas. Não se restringindo as pessoas, os bichos são também animais que despertam a curiosidade. O gato, por exemplo, é um dos bichos mais curiosos que existe. Tanto é que existe ditado que diz: “A curiosidade matou o gato.” Bom daí você tira o quanto esse espécime é o que em alguns lugares se chama de “entrão”.
Segundo a Wikipédia:
A curiosidade é a capacidade natural e inata da inquiribilidade, evidente pela observação de muitas espécies animais, e no aspecto dos seres vivos que engendra a exploração, a investigação e o aprendizado. A curiosidade faz parte do instinto humano, pois faz com que um ser explore o universo ao seu redor compilando novas informações às que já possui. Também se designa desse modo qualquer informação pitoresca.
A curiosidade humana é o desejo do ser humano de ver ou conhecer algo até então desconhecido. A curiosidade, porém, quando ultrapassa um limite pré-estabelecido pela ética social, como, por exemplo, a invasão de espaço alheio, pode ser reprimida. Alguns termos populares podem designar alguém demasiadamente curioso: xereta, bicão, intruso, intrujão, olho de tandera, etc.
Buscando um significado mais rebuscado, o nosso amigo de todas as horas, o Sr. Dicionário Aurélio diz que curiosidade é:
s.f. Qualidade do que é curioso. / Vontade de ver, de conhecer: satisfazer sua curiosidade. / Desejo de conhecer dos segredos, dos negócios alheios; indiscrição: sua curiosidade foi castigada. / Gosto, paixão por coisas raras, originais. / &151; S.f.pl. Coisas raras: museu de curiosidades.
                Depois de tanta explicação a respeito dessa capacidade natural e inata da “inquiribilidade” (que palavrinha estranha. Busquei tudo que pudesse significar essa “linda e culta” palavra, mas infelizmente, meus caros, eu não sei e não achei o que significa essa bendita.) só tenho a dizer uma coisa: “se a curiosidade matou o gato, cuidado meu amigo (a), ela mata gente também. (risos).
Athos Muniz.

domingo, 8 de agosto de 2010

"Você sempre comigo"


Força maior que me faz sonhar além das estrelas
Voz que encanta meus sonhos, que embala minhas noites
Gestos que me fazem ver como é lindo o balé do seu corpo
Pensamentos que me transparecem uma linda e sábia alma
Alegria que me contagia por todos os momentos marcantes já vividos e os que ainda vividos e marcantes serão
Mulher que me faz Homem que me mostra o melhor caminho até você, Minha Pequena
E é essa Mulher que eu quero pra seguir junto comigo em um só curso, o curso de uma vida linda e cheia de Amor
Pois pra mim Sandra teu nome é sinônimo de Amor e é esse Amor que eu quero pra sempre por toda e eterna vida

"Você sempre comigo, minha pequena"
Athos Muniz

Oração do Comunicador

Mestre! No belo cenário da comunicação, designaste-me a vocação de comunicar. É uma tarefa árdua, repleta de desafios e que exige a técnica, concentração e constante dedicação. Eu te agradeço por me confiar esse compromisso e ofereço-te as alegrias e os êxitos conquistados. Peço-te, Senhor, inspiração para comunicar de forma clara e segura a fim de servir e colaborar em benefício da sociedade. Faz de mim um mensageiro de paz, do amor e de verdade. Esteja comigo nas situações e decisões difíceis. Aumenta minha fé e abençoa os meus companheiros de profissão que servem nos diversos setores da comunicação. Concede-me a graça de comunicar tuas maravilhas hoje, amanhã e sempre. Amém.

(Autor Desconhecido)

Sabor de Lembrança.

  Tudo na nossa vida tem um sabor e tudo que é saboreado nos remete a algum tipo de lembrança. Sendo assim, vou tentar descrever um lugar por onde passei através do sabor que lá, provei. 
  É uma misturada danada de coisas. Um verdadeiro caldeirão de cores, sabores, valores e até, eu diria, amores, pois comida se não feita com amor, não tem sabor. 
  Diversas são as formas, tamanhos e cheiros que há neste prato, vindos principalmente do mar, que banha toda essa terra.  
  Tem cheiro de verde, cheiro de amarelo, cheiro de vermelho... Imagine uma “confusão”, que no final, resulta num delicioso cheiro que desperta água na boca.  
  Ah, como é bom saber que de uma verdadeira misturada, sem pé e nem cabeça, possa sair uma coisa tão cheirosa e saborosa? Coisa essa que nos faz “sonhar” quando derretida em nosso paladar.  
  A terra dessa delícia é dona de outras tantas delícias. Terra de história, cultura, dança, música, gingado, receptividade, alegria e de gente que sabe fazer da vida uma grande festa. 
  Terra de Vinícius, Caymmi e Itapuã, onde todos “abrolhos” para ver o majestoso samba do recôncavo, ouvir o som do berimbau, as batidas do timbau, e o chiado do pôr-do-sol nas águas do farol. Ver o balé de pernas da capoeira que se entrelaçam como as belas tranças da negritude que descem as sinuosas e históricas ladeiras do “Pelô”, que bordam com seu colorido de casas um dos mais lindos cartões postais da conhecida e sonhada cidade de São Salvador. 
  Bahia. Caldeirão de culturas, cores, odores, sabores. Essa delícia que, representa bem essa “utopia”, tem todas essas características. 
  É o sabor que me faz lembrar e reviver tudo que lá vive, lá sonhei e lá passei. Tem gosto de dendê, mar, isco de marisco.  
  Caldeirão de cores e sabores é a mariscada que de tão apetitosa me faz deslizar sobre os acordes encantados dessa terra que hoje é minha segunda casa. Terra do meu amor maior que, desabrochou de um lindo carnaval, no qual, não esquecerei jamais.

Athos Muniz.

A Beleza e histórias de um Capim Macio

  Eu já tinha visto de “tudo”, mas Capim Macio é muito estranho para o nome de um bairro. Mas esse nome tão peculiar tem uma pequena e objetiva história.
  Por volta da década de 40, quando boa parte da sua área foi utilizada para as práticas das forças armadas, em específico o exército, Capim Macio como é chamado hoje, acabará de existir. Mas nesta época, o único som que se ouvia era os gritos de marchas militares e estampidos do poder bélico do exército brasileiro. Trinta anos depois, no ano de 1970, se deu a ocupação do nosso macio capim, ou melhor, Capim Macio.
  Esse campo de treinamento que deu origem ao bairro existe até hoje. Sendo muito fácil de localizar, pois ele beira uma avenida que digamos ser também um dos cartões postais deste então bairro da zona sul natalense, a Avenida Engenheiro Roberto Freire. Dona de uma majestosa vista para o parque das Dunas. Mas esse “Parque das Dunas” não era um campo de treinamento do exército? Isso mesmo! E ainda continua sendo só que depois de alguns anos se tornou uma das maiores áreas de preservação da extinta mata atlântica também.
  Os anos foram passando e o bairro de Capim Macio foi crescendo e se urbanizando, fazendo com que as histórias dos moradores se confundissem com as do bairro. Como é o caso da história do seu João Motta, que chegou ao bairro na década de 50, ainda menino. Filho de militar, seu João, hoje com sessenta e pouquinho, (não quis me revelar sua idade, pois se acha jovem e para ele a gente não tem idade e sim vivência), lembra de como era um dos mais novos bairros da capital potiguar. Gesticulando muito, contou como era Capim Macio:
  “Capim Macio era um matagal só! Onde se andava não se via outra coisa a não ser mato e mato! Parecia uma interior, sabe?! Tipo aqueles que o vento faz a curva e ainda assovia! Depois de um tempo chegou o campus universitário, sim porque antes já tavam construindo o conjunto Mirassol e além dele tinha também a estrada que ligava Natal a Parnamirim, no caso hoje, a BR-101. Era uma belezura! O movimento começava a aparecer. Era um passa-passa de lá pra cá e a gente gostava, porque uma hora era um esquisito danado e outra hora uma movimentação de carros e de gente. E hoje taí, o que você vê: uma belezura que às vezes se torna um caos. Mas tudo bem, pois é o progresso meu filho e tudo que era passado ficou aqui na minha memória e ninguém apaga aquela tranqüilidade de antigamente. Mas eu gosto de morar aqui, amo esse lugar e daqui só saio quando morrer!” (risos)
  Além do seu João Motta, com suas histórias de vida, muitos que moraram, moram ou passaram por Capim Macio tem uma história de “amor” com esse bairro que hoje é o metro quadrado residencial mais caro da cidade de Natal.
  Por exemplo, dona Maria de Lurdes Vieira, oriunda do estado do Rio de Janeiro e que mora em Capim Macio há 10 anos, confessou que não consegue mais sair de Natal. Avalie de Capim Macio?
  “Meu filho, sou carioca, já andei por esse país todo, mas nunca vi um lugar tão lindo e calmo como Natal! E Capim Macio é meu xodó! Tudo que eu faço se encontra aqui. É banco, feira do mês, colégio das crianças, a praia é aqui do lado, Shopping Center... O que eu quero mais?! Nada!” (risos) Escolhi Capim Macio justamente por todos esses pontos que falei. E hoje se me perguntasse se eu queria sair ou trocar minha casa por qualquer outro lugar, tenha certeza, meu filho, minha resposta seria NÃO!”(bem convicta)
  Bom, mas vamos lá...
  Capim Macio é muito grande e tem muita gente que como eles, tem mais uma breve historinha para contar.
  São muitos de todas as partes do país e do mundo. Vidas por um acaso do destino ou vontade própria que vieram “cair” exatamente nesse capim macio em busca de repouso, tranquilidade, moradia, paz... Coisas que quem mora aqui sabem do que estou falando.
  Outro exemplo bem prático de morador que veio para Capim Macio em busca de então tranqüilidade é o senhor Ramires Sanches, espanhol da cidade de Barcelona, que veio ao Brasil de férias. Fez um passeio turístico em Natal, se apaixonou pela cidade e resolveu voltar, só que dessa vez, como dizem aqui “De mala e cuia”. Dono de uma pequena pousada na orla da Praia de Ponta Negra, seu Ramires chegou a Natal a mais ou menos cinco anos e logo fixou moradia.
  “Eu cheguei a Natal a passeio, mas quando vi as belezas da cidade e a calmaria, não resisti e no ano seguinte resolvi voltar, mas agora de vez. Como se diz: foi amor a primeira vista. E cá estou. Moro com minha família numa bela casa, nas proximidades do Praia Shopping e tenho esta pousada que tiro meu ganha pão! Estou muito satisfeito em morar aqui e poder dizer a todos os amigos que Natal é um sonho, uma das maravilhas do mundo e Capim Macio é meu cantinho de descanso!”
  É... Como esse Capim Macio é querido! E a nossa cidade também!
  Capim Macio, bairro, contador de histórias, amor, pousada, dono de um dos maiores e mais conhecidos pontos turísticos da capital potiguar, o parque das Dunas, vizinho da praia mais badalada da cidade, Ponta Negra, cortado pela avenida mais bonita da cidade, a Avenida Engenheiro Roberto Freire, território de gente de bom coração e de muita hospitalidade e território também de casarões que nos fazem sonhar que estamos num reino de conto de fadas, pois parecem castelos de tão grandes que são.
  Esse é meu bairro, Capim Macio.

Por Athos Muniz.

“A Pobreza ganha Formas”

  Nascida numa cidade grande com proporções de metrópole, Maria do Carmo da Silva Xavier, logo sentiu na pele o que era ser pobre. Cresceu e viveu boa parte da sua vida no bairro do Periperi, periferia de Salvador-BA. Sua infância foi como a da maioria das crianças pobres de uma cidade grande: pés no chão de terra batida, brincando em meio a esgotos que rasgavam as vielas de ponta a ponta. Estudou em escola pública, porque seus pais não tinham condições de pagar um estudo de qualidade para que um dia, essa garotinha, filha única, pudesse seguir uma carreira acadêmica e ter um futuro digno. Sua mãe, Dona Jacira da Silva, sempre lhe deu apoio com os estudos. Era um gás para aquela garotinha, negra, magra e desprovida de amor paterno, pois seu pai saiu de casa quando ela era pequena. Mas a falta de um pai no começo de sua vida não abalou sua criação. Dona Jacira era mais que uma mãe para aquela garotinha, era um anjo. Tudo que Maria do Carmo “precisava”, sua mãe tentava arduamente lhe conceder. Amor de pai e mãe juntos em apenas uma pessoa de coração bom e com vontade de viver.
  Dona Jacira, por sua vez, dona de casa, lavadeira de roupas nunca deixou faltar nada para aquela garotinha. Sempre esteve disposta a enfrentar tudo para ver sua filha bem. Eram horas fora de casa, lavando trouxas e mais trouxas de roupas, fazendo faxina em casas alheias para pôr dentro de sua modesta casa o pão de cada dia.
  Com o passar dos anos aquela garotinha cresceu e foi adquirindo conhecimento através dos estudos incentivados por sua mãe. Ela era tão inteligente que começou a dar aulas de reforço aos colegas e em pouco tempo já tirava uns trocados como professora particular. Trocados esses que ajudavam a pagar contas em casa, mas nem sempre custeavam tudo, pois nem todos os alunos tinham condições de pagar pelas aulas, ou até mesmo davam calote, na pobre jovem. A dificuldade era tanta que elas, mãe e filha, chegaram a passar fome, sem ter nada para comer, pois nem sempre sua mãe conseguia bicos como lavadeira e nem ela recebia por suas aulas. Amigos e visinhos eram seus anjos em dias ou noites sem comida, mas o orgulho tomava forma em seu ser. Mesmo sabendo que precisava, ainda “negava” as ajudas vindas de pessoas que sabiam da situação daquela família de mãe e filha. Essas ajudas vinham de maneiras sutis e assim Maria as aceitava com um sorriso amarelo que desabrochava em meio a suas bochechas magricelas que muitas vezes em prantos refletiam a sua vida sofrida.
  Eis que chega a maioridade e aquela jovem, que era uma aluna aplicada, professora de reforço nas horas vagas para ajudar no orçamento de casa, decide ingressar na universidade. Dar continuidade aos estudos. Só que desta vez, para destrinchar uma profissão, um futuro. Ser uma Designer Gráfica.
  Por que Designer? Uma palavra tão difícil e estranha para uma pessoa humilde e com poucos conhecimentos em língua inglesa. Mas era a profissão que ela havia se identificado, porque além de gostar de dar formas as coisas, “lapidar” como ela mesma se lapidou, apesar de poucas oportunidades, era a profissão do momento e que trilhava um futuro promissor.
  Pronto! Estava tudo decidido, agora era apenas fazer a matrícula do vestibular, que foi paga com o mísero salário de professora de reforço.
  Estudou, se aplicou mais e mais aos estudos, mas infelizmente não deu para ela entrar na UFBA, Universidade Federal da Bahia. Mas ela não desistiu e seguiu em frente. Estudou mais e decidiu fazer vestibular em uma universidade particular, a Universidade Católica da Bahia. Uma das Universidades de respaldo em termos de ensino superior no estado.
  Foi uma felicidade imensa. Era tudo que almejava. Ser universitária e num futuro bem próximo ter um diploma de nível superior.
  Mas aí vem uma pergunta: como uma jovem oriunda da periferia de Salvador, que passava por necessidades iria conseguir pagar uma instituição que tinha mensalidades caras?
  Sua vontade era tão grande de cursar uma universidade que ela não desistiu e arriscou tudo. Mas de onde iria sair o dinheiro para pagar a universidade?
  Então, ela foi atrás do pai, aquele que deixou a casa quando ela ainda era pequena. Pai que nunca deu assistência. Mesmo com um sentimento de rancor por tudo que ele não havia feito antes. Ela imaginava que ele pudesse ajudar desta vez, já que era um sonho que estava por se realizar. Maria do Carmo entrou em contato com seu pai, explicou a situação, mas infelizmente ele continuava aquele homem que não estava nem aí para ela e retrucou com palavras ofensivas: “Eu não vou pagar, porque pobre não faz faculdade! Onde já se viu?! Pobre não faz faculdade!”. Aquelas palavras tiveram um peso no coração daquela jovem. De fato ela não poderia contar com a ajuda do seu próprio pai para uma coisa que era muito importante para ela.
  Com toda a raiva que brotava de seu coração, tomou aquilo como mais um incentivo para lutar e conseguir “vencer” mais uma vez. Amigos deram apoio e juntaram dinheiro para que ela pudesse pagar a matrícula da faculdade e assim ela o fez.
  Desde a escola já havia despertado para outro dom que não dava muita importância, mas que acalentava o seu coração e a deixava bem. Era a música. E com o passar do tempo, meio que despretensiosa foi sendo envolvida nesse universo, mas sem tirar o foco de suas metas. Foi então que a música se tornou uma fonte importante de prazer e renda.
  A música tomou conta dela. Fazia shows em barzinhos, participava de festivais, tentava estar sempre cantando e participando de eventos que pudessem trazer alguma grana, mesmo que fosse pouco, mas já ajudava. Só que como tudo na vida dessa moça era difícil, mesmo tendo uma voz belíssima e afinada as portas nem sempre estavam abertas para ela. Esbarrou em uma das barreiras do mundo artístico, a beleza. A pobre menina não estava dentro dos padrões aceitáveis que a estética pedia para esse meio.
  Com isso o dinheiro faltava, sua mãe não podia mais trabalhar como antes, por causa da idade, e as dificuldades foram apertando ainda mais. Era uma impotência, nada se podia fazer e com isso não conseguia pagar mais a faculdade. Foi aí que ela temerosa de não poder de fato cursar mais a faculdade tentou conversar mais uma vez com seu pai. Mas deu de “cara na porta” e ouviu as mesmas palavras que antes ele havia dito a pobre moça.
  Estava sem saída, já havia pensado em tudo e nada tinha sucesso. Ela então agiu com uma atitude que poucos teriam. Entrou na justiça contra o próprio pai, para que ele a ajudasse a pagar a faculdade. Na primeira instância ela ganhou a causa, mas o seu “progenitor” recorreu e o juiz deu ganho de causa para o próprio.
  Tudo estava indo de mal a pior, mas ela não desistiu. Ergueu a cabeça e seguiu em frente. Fazia bicos como cantora, entrou em estágios e com toda a dificuldade da vida o tão esperado dia chegou. Aquela pobre garotinha, estudiosa, dedicada, talentosa e guerreira, hoje mulher, se formou e realizou o seu maior sonho, ser uma Designer.
  No dia da colação de grau, após receber o tão sonhado diploma ela fez questão de enviar um telegrama para o pai dizendo orgulhosa e firme: “A POBRE SE FORMOU!”
  Depois de tudo que passou, ouviu e sofreu hoje, ela tem uma vida normal, trabalha ganha bem e tem orgulho do seu passado, mesmo sendo ele muito doloroso e árduo. Porque todas as dificuldades que teve, e que não foram poucas, ela conseguiu se manter firme. Descobriu que existia uma força dentro de si que jamais teria descoberto se não tivesse passado por tudo o que passou. Força de vontade, vontade de viver, de vencer, de ser gente digna... Ela conseguiu, deu “Forma a Pobreza”, mostrou que para vencer tem que se ter fé, garra e força de vontade para seguir em frente e nunca desistir dos sonhos. Porque quando se deixa de sonhar jamais saberemos como é gostoso o sabor da vida, mesmo que sejam utopias, sonhos se realizam como o desta moça que sofreu muito e venceu dando “formas” a uma “pedra bruta” chamada Pobreza.

Esta história de vida é baseada em fatos reais.

Athos Muniz.