domingo, 8 de agosto de 2010

A Beleza e histórias de um Capim Macio

  Eu já tinha visto de “tudo”, mas Capim Macio é muito estranho para o nome de um bairro. Mas esse nome tão peculiar tem uma pequena e objetiva história.
  Por volta da década de 40, quando boa parte da sua área foi utilizada para as práticas das forças armadas, em específico o exército, Capim Macio como é chamado hoje, acabará de existir. Mas nesta época, o único som que se ouvia era os gritos de marchas militares e estampidos do poder bélico do exército brasileiro. Trinta anos depois, no ano de 1970, se deu a ocupação do nosso macio capim, ou melhor, Capim Macio.
  Esse campo de treinamento que deu origem ao bairro existe até hoje. Sendo muito fácil de localizar, pois ele beira uma avenida que digamos ser também um dos cartões postais deste então bairro da zona sul natalense, a Avenida Engenheiro Roberto Freire. Dona de uma majestosa vista para o parque das Dunas. Mas esse “Parque das Dunas” não era um campo de treinamento do exército? Isso mesmo! E ainda continua sendo só que depois de alguns anos se tornou uma das maiores áreas de preservação da extinta mata atlântica também.
  Os anos foram passando e o bairro de Capim Macio foi crescendo e se urbanizando, fazendo com que as histórias dos moradores se confundissem com as do bairro. Como é o caso da história do seu João Motta, que chegou ao bairro na década de 50, ainda menino. Filho de militar, seu João, hoje com sessenta e pouquinho, (não quis me revelar sua idade, pois se acha jovem e para ele a gente não tem idade e sim vivência), lembra de como era um dos mais novos bairros da capital potiguar. Gesticulando muito, contou como era Capim Macio:
  “Capim Macio era um matagal só! Onde se andava não se via outra coisa a não ser mato e mato! Parecia uma interior, sabe?! Tipo aqueles que o vento faz a curva e ainda assovia! Depois de um tempo chegou o campus universitário, sim porque antes já tavam construindo o conjunto Mirassol e além dele tinha também a estrada que ligava Natal a Parnamirim, no caso hoje, a BR-101. Era uma belezura! O movimento começava a aparecer. Era um passa-passa de lá pra cá e a gente gostava, porque uma hora era um esquisito danado e outra hora uma movimentação de carros e de gente. E hoje taí, o que você vê: uma belezura que às vezes se torna um caos. Mas tudo bem, pois é o progresso meu filho e tudo que era passado ficou aqui na minha memória e ninguém apaga aquela tranqüilidade de antigamente. Mas eu gosto de morar aqui, amo esse lugar e daqui só saio quando morrer!” (risos)
  Além do seu João Motta, com suas histórias de vida, muitos que moraram, moram ou passaram por Capim Macio tem uma história de “amor” com esse bairro que hoje é o metro quadrado residencial mais caro da cidade de Natal.
  Por exemplo, dona Maria de Lurdes Vieira, oriunda do estado do Rio de Janeiro e que mora em Capim Macio há 10 anos, confessou que não consegue mais sair de Natal. Avalie de Capim Macio?
  “Meu filho, sou carioca, já andei por esse país todo, mas nunca vi um lugar tão lindo e calmo como Natal! E Capim Macio é meu xodó! Tudo que eu faço se encontra aqui. É banco, feira do mês, colégio das crianças, a praia é aqui do lado, Shopping Center... O que eu quero mais?! Nada!” (risos) Escolhi Capim Macio justamente por todos esses pontos que falei. E hoje se me perguntasse se eu queria sair ou trocar minha casa por qualquer outro lugar, tenha certeza, meu filho, minha resposta seria NÃO!”(bem convicta)
  Bom, mas vamos lá...
  Capim Macio é muito grande e tem muita gente que como eles, tem mais uma breve historinha para contar.
  São muitos de todas as partes do país e do mundo. Vidas por um acaso do destino ou vontade própria que vieram “cair” exatamente nesse capim macio em busca de repouso, tranquilidade, moradia, paz... Coisas que quem mora aqui sabem do que estou falando.
  Outro exemplo bem prático de morador que veio para Capim Macio em busca de então tranqüilidade é o senhor Ramires Sanches, espanhol da cidade de Barcelona, que veio ao Brasil de férias. Fez um passeio turístico em Natal, se apaixonou pela cidade e resolveu voltar, só que dessa vez, como dizem aqui “De mala e cuia”. Dono de uma pequena pousada na orla da Praia de Ponta Negra, seu Ramires chegou a Natal a mais ou menos cinco anos e logo fixou moradia.
  “Eu cheguei a Natal a passeio, mas quando vi as belezas da cidade e a calmaria, não resisti e no ano seguinte resolvi voltar, mas agora de vez. Como se diz: foi amor a primeira vista. E cá estou. Moro com minha família numa bela casa, nas proximidades do Praia Shopping e tenho esta pousada que tiro meu ganha pão! Estou muito satisfeito em morar aqui e poder dizer a todos os amigos que Natal é um sonho, uma das maravilhas do mundo e Capim Macio é meu cantinho de descanso!”
  É... Como esse Capim Macio é querido! E a nossa cidade também!
  Capim Macio, bairro, contador de histórias, amor, pousada, dono de um dos maiores e mais conhecidos pontos turísticos da capital potiguar, o parque das Dunas, vizinho da praia mais badalada da cidade, Ponta Negra, cortado pela avenida mais bonita da cidade, a Avenida Engenheiro Roberto Freire, território de gente de bom coração e de muita hospitalidade e território também de casarões que nos fazem sonhar que estamos num reino de conto de fadas, pois parecem castelos de tão grandes que são.
  Esse é meu bairro, Capim Macio.

Por Athos Muniz.

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